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quarta-feira, 18 de junho de 2008

C.R.É.U (Criticar os Recalcados É Urgente)


Fico doente cada vez que vejo alguém criticado por qualquer coisa se fazer de vítima e responsabilizar algum tipo de preconceito como motor da crítica. Exemplifico: É como se o Pelé reclamasse que as críticas direcionadas a ele fossem por ele ser negro.

O mesmo acontece com a galera do funk. Não vejo ninguém reclamar da grana que recebe – ou da exposição que tem – mas, sempre que são criticados pelas letras ou pelas “coreografias” (ah, aspas...sempre aspas!) aparecem posando de “Oh, coitado de mim, eu faço parte de um estilo musical das classes menos favorecidas e ninguém gosta de me ver por cima da carne seca só porque eu vim de baixo”. Mais emo impossível.

É batata (Cruzes, alguém fala assim ainda?), a mídia em geral dá moral pra qualquer um que atraia atenção da massa de manobra... er... povão, vêm as críticas e lá está o puro recalque. A última que vi foi daquela moça que atende pela alcunha de melancia. Já vi críticas sobre a mesma acerca de seu físico ‘gordinha que malha’ ou sobre qualquer outra coisa (ah, não é difícil, com essa super exposição e a absurda falta de conteúdo...). A resposta? Coisas no melhor estilo/clichê “Ah, o povo gosta” ou ainda, “Me criticam por eu ter vindo de baixo”. Aff...

Não quero ser moralista, nem julgo o funk (muitas vezes denominado como ‘carioca’, mas, a bem da verdade, só existe mesmo aqui no Rio – pelo menos, desse jeito que é feito aqui e não se comparando à galera dos EUAses como: George Clinton, Funkadelic, Parliament, etc). Ademir Lemos, Gerson King Combo, e outros, também não estão inclusos quando eu cito a palavra funk aqui (do contrário, seria como falar de pagode mela-cueca e incluir Bezerra da Silva). Voltando à vaca fria (e eu ainda vou descobrir o porquê dessa expressão), entendo o funk como um estilo sensual (pra lá de erótico mesmo) e sua proposta é dançar, se mexer e se divertir (alguns usam pra engravidar, mas isso é outro papo). Uma pessoa que faz seus 15 minutos de fama chacoalhando a enooorme bunda quer mostrar conteúdo como? A vulgaridade realmente não é relevante nessas críticas?

Sempre que se faz uma crítica a alguém pobre, é porque a pessoa é pobre; negro, por ser negro; gordo, por ser gordo e por aí vai. Fala-se da melancia (melão, morango, samambaia, fruta-do-conde, acerola e outras denominações que substituem objetos associáveis à mulheres que não se incomodam em ser coisas pra se promover na cultura pop de hoje em dia). Tá, considero o funk um estilo bacaninha pra se divertir numa festa. E por que o FGarcia®, que curte o fino do samba de raiz e o mais genuíno heavy metal, dançaria (alcoolizado, é verdade) um funk de vez em quando? Ora, meu bom aprendiz (Tá demitido!), dá pra aproveitar alguma coisa do funk depois que os caras abrem a boca? Fico no batidão mesmo (maldita cachaça!).

Bem, amigos... hmm, já falam assim... Bom, gostaria de deixar minha crítica também. Como diria Raul Seixas, eu também vou reclamar. Já se foi o tempo em que lamentávamos o fato de mulheres serem vistas como ‘pedaços de carne expostos no açougue’. Toda uma revolução nos anos 60/70 para que mulheres se liberassem do papel de coadjuvantes da história pra, hoje em dia – sem ditadura – as mulheres serem expostas como frutas?!? O.o

Gatas, panteras, cachorras, melancias, samambaias... O importante mesmo é não fazer as mulheres de objeto.

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