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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Maysa e o BBB9


“Maysa: Quando fala ao coração”, que contou a vida da cantora, compositora e boêmia Maysa (o Cazuza da era pré-anos 80) reinou absoluta em audiência e aceitação na primeira semana de exibição (de 05 a 09/01/2009). Foram tantos comentários favoráveis que ouvi e li que fiquei feliz por ter acompanhado ignorando meus instintos mais básicos que diziam “É escrita pelo Manoel Carlos, cooorraaa!!!”. O volume de opiniões encantadas com o capricho com que foi feita a minissérie só rivalizou (pudera!) com as frases descontentes. Mas, não, não críticas à série (que eu comento mais à frente), mas sim, críticas à segunda semana da obra de Maneco e Jaime Monjardim. Não críticas (ok, terceira vez que eu uso essa palavra, agora ela é só minha por direito) à minissérie (pô, depois eu falo sobre isso, cara!). Eram reclamações quanto ao horário. Um trabalho tão cuidadoso relegado a um horário para seletos insones que não precisam – ou não querem – acordar cedo.

Maysa, na segunda semana, foi empurrada (UIA!) pelo BBB9. Não é uma manchete sensacionalista de um desses tablóides de R$ 0,50. É uma constatação. E por quê? Porque a Globo parece entender (?!) que o horário, dito, nobre é para o Homer Simpson, e a casta de seres com um pouco mais de iluminação intelectual que fique com a madrugada. Pescou a situação? Tremendo incentivo à não-inteligência, visto que para curtir Big Brother basta desligar o cérebro e exercitar a milenar arte de falar da vida alheia. Do latim: Mexericus Fofocarium. E nem se trata de conhecidos seus. Tá, talvez eu tenha deixado escapar que faço parte dos fãs de belas artes e contrários a esse tipo de superficialidade. Mas, não sou contra atrações populares. Só que... por quê a emissora faz campanha para se ler livros enquanto os bons trabalhos vêm depois do BBB?

Faço aqui meu protesto – silencioso – contra os inícios de ano em que as novidades (em forma de minisséries e especiais) precisam esperar o maldito BBB para aparecerem. Convenhamos, quem tem um gosto mais... bem, exigente - \o/ - precisa de um sono legal pra poder assistir a um bom programa e dormir bem. Quem curte BBB curte o horário que for, o dia todo em muitos casos. Essa galera pode chegar nos trabalhos e aulas com duas noites de sono que, ainda assim, vão comentar e fofocar empolgadíssimos por três meses. E você, que só queria um alento cultural para sua preciosa mente antes de ir pra cama, fica com o horário que nem o filho do diretor deve agüentar acordado pra ver.

As pessoas confabulavam: Será que a série foi uma homenagem do filho à mãe? Ou um desaforo do filho da mãe? Agora, uma minha (hum, cacofonias rock!): Só eu lembrei do Cazuza? Posso dizer que quando fala ao coração, o tempo não pára? (Já posso escrever “pára” sem o acento?). Bem, levantei essas questões porque uma mulher voluntariosa com coragem pra fazer o que a maioria tinha vergonha até de pensar pra não ir contra a opinião do (bleh!) senso comum me faz pensar no – saudoso - jovem Agenor (o Cazuza, carai!), que também falava e fazia o que queria. Fiz uma comparação traçando um método de “trabalho” entre os astros. Gente à frente de seus respectivos tempos e que nos deixaram de formas dolorosas. Se provocaram seus destinos, sabe-se lá, não se pode culpar os Mamonas por provocar seus destinos ao entrarem para a música ou num avião, saca?

Mas, no frigir dos ovos, a série acabou, muitos não viram - quer por pirraça pra evitar o BBB, quer por sono no horário tardio – e ficaram as reclamações que perdurarão por – no mínimo – mais um ano, visto que, sabemos que a franquia BBB tem contrato previsto para 10 edições. Se vão prorrogar, sabe-se lá. Enquanto isso, oremos.

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