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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Rocky: Um lutador







Rocky Balboa é um dos personagens mais interessantes dos filmes de ação... eu disse ação? Caô, é de drama e eu vou explicar em alguns artigos que escreverei de forma intercalada, pra não ficar chato. O primeiro é o Rocky, criação de Sylvester Stallone, desde seu filme pornô até o lutador decadente que nunca chegou ao auge. Bem, a história é basicamente essa mesmo, um lutador que já não é mais garoto, aceitando trabalhar como cobrador para um agiota, mas vê no campeão daquele momento, Apolo Creed, a chance de aparecer. Eles lutam e Rocky - ao contrário da dublagem brasileira, que "deu" empate - perde, mas não sem dar um tremendo de um trabalho a seu futuro amigo. Aí está a primeira metáfora, o próprio titio Stallas era um ator qualquer, claramente sem muito tino para a interpretação do drama, mas deu sua alma ao personagem e fez do investimento de pouco mais de um milhão, a produção valer mais de 115 milhões e a premiação do Oscar.

A partir daí, a exemplo de outro rico personagem que vou abordar em outro momento, Rambo, Stallas muda os rumos de seu drama metalinguístico e torna o personagem num verdadeiro herói da moral estadunidense, filmes de luta com alguma bagagem remanescente do primeiro filme. Até chegar ao ápice do orgulho EUAsístico, que foi a 'guerra fria' entre o italian stallion, ou garanhão italiano, ítalo-estadunidense Rocky e o soviético Ivan Drago, um russo de poucas palavras, mas de tanta porrada que matou Apollo Creed em pleno ringue. Frase marcante do frio europeu: "If he dies, he dies". Frases de efeito, cara, tem que ter! Bem, o negócio é que, pra variar, Stallone faz seu americano brigador dar uma sova no russo, ele mostra o cenário político e toda aquela tensão entre capitalismo e comunismo e a turma do Big Mac levou a melhor. Mas a coisa ia ficar mais interessante mais pra frente.

Depois de um quinto filme estranho em que Rocky precisa parar de lutar porque se ficar levando socos na cabeça pode acabar tendo um treco, ele decide treinar um noato e yada yada yada, ele termina lutando e vencendo seu próprio antigo pupilo. Aí, depois de muitos anos sem voltar ao personagem, Stallas faz Rocky Balboa. A história é como uma volta às origens, só que tendo toda a bagagem de carreira e de vida de Rocky. Agora ele não é mais um novato decadente, mas um senhor viúvo e famoso. Ele vive de dar autógrafos, contar histórias sobre os velhos tempos no restaurante que comanda. Seu filho trabalha num escritório e tem vergonha da sombra que a fama de seu bonachão faz sobre sua própria pessoa. Long story short, a partir de uma especulação em computação gráfica, um programa de TV mostra que seria possível que ele vencesse o campeão da atualidade, Mason Dixon.

Rocky fica encucado com a ideia e vai refletir sobre o que fez de sua vida, é quando ele conclui que ainda tem o que mostrar. Mesmo contra todos que diziam que ele estava velho e que era ridículo tentar voltar aos bons tempos, ele insistiu que só o que importava era que aquele velho veterano ainda tinha força pra mais um revival. Tem até o momento metalinguístico quando Rocky leva o filho de uma antiga amiga pra adotar um cachorro num canil da cidade, o cachorro, nomeado como Punch pelo adolescente, é descrito pelo garoto como um velho, feio e preguiçoso, quando Rocky explica as entrelinhas, ele diz que, na verdade, o cachorro é um lutador e está apenas poupando energia, mas ele tem muito a oferecer tendo um bom trato. Não preciso dizer que Rocky descreve a si mesmo, né?

O filme é tão pleno desse sentimento do veterano que precisa se sentir vivo fazendo algo por uma paixão pessoal que a luta em si nem tem tanta importância, a luta da vida é o tempero da coisa, tem até um belíssimo monólogo do Rocky pra cima de seu filho. Quando confrontado pelo próprio filho e acusado de ser um velho que não quer aceitar seu lugar num asilo e deixá-lo viver sem ser estigmatizado como "o filho do Rocky". É quando seu pai lhe conta que não é uma questão de aceitar o que vier, é sentir que ainda tem a fazer e não querer ser enterrado vivo pela vida, ele fala da coisa de não reclamar apenas, mas viver e fazer seu próprio caminho, de enfrentar a vida e não se deixar derrotar só porque disseram que não vale a pena, enfim... é muito complexo e bonito de se discorrer sobre essa filosofia de vida, vou deixar a referida cena que diz muito mais do que qualquer explicação minha. Se isso não vale o filme todo, vá brincar com sues Comandos em Ação, Rá!
Melhor cena do filme.

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