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terça-feira, 15 de abril de 2014

Liga da Justiça: Caçador de Marte é Negro

Primeiro sinal, veja se não dá pra ver Terry 'pai do Chris'Crews aí, por exemplo.
Tudo bem, tudo bem, eu sei que ele é marciano, ou seja, nasceu num lugar onde a questão racial – a princípio – nunca chegou a ser discutida, mesmo com as teorias de que a vida na Terra veio de lá ou que lá haveria alguma forma de vida próxima de nossas características, mas deixa pra lá. A questão aqui é comprovar que J’onn J’onnz, assim como o Panthro original (esse do novo desenho dos Thundercats virou uma caricatura irlandesa), é um negão de tirar o chapéu. Aliás, note na foto abaixo as diferenças de traços faciais entre Panthro e Cheetara (esquerda) e nosso grande homenageado, Caçador de Marte, em relação a Superman (direita).



Seu nome de ‘batismo’

Aqui na ‘Terra’, ele ganhou diversos nomes: J’onn J’onnz, John Jones, Ajax, Caçador de Marte, etc. Mas seu nome ‘civil’ para seu extinto povo era Ma’aleca’andra. O nome é uma referência a Além do Planeta Silencioso, de C.S. Lewis, nomenclatura usada para designar os marcianos, mas ganha aspecto tribal quando grafado com apóstrofos, hábito cultural muito comum em diversas regiões, inclusive na África (tipo: m’zinga, sacou?). E, assim como nomes, o Caçador também já adotou diversas formas físicas. Tem a original (Marte), tem a de combate (Liga da Justiça), tem as que ele usa como identidade civil cotidiana, tem a personalidade agressiva reprimida (a forma que não teme fogo, mas o deixou psicótico), etc. Assim, como ocorreu ao negro durante a escravidão, quando teve sua condição de rei, artesão, caçador, etc retirada para ser escravizado com religiões e hábitos que não os seus, inclusive nomes nativos. 


Seu visual associado à etnia negra

Apesar de poder adotar diversas formas – o que a forma ‘negra’ não seria referência para minha teoria – você pode notar que em muitas, muitas oportunidades mesmo, ele é retratado com nariz e lábios grossos, ou seja, tipicamente negro. Afora, que a maioria das vezes que se cogitou ou se criou estudo de perfil para interpretar o marciano, o perfil foi de um negro (atores, traços físicos ou concepções a lápis). Ou seja, não sei se por ele ser ‘de cor’ (uma visão preconceituosa de que negros são coloridos, exóticos) ou se por algum fundo subliminar, mas J’onnz parece mesmo combinar mais com um perfil ‘negro’. Além dos vários atores cogitados para o papel de Caçador de Marte no cinema - pode conferir no Google - veja só quem o dublou no famoso desenho da Liga da Justiça (e outras mídias, inclusive video games): Carl Lumbly (esquerda). Veja quem o interpretou em Smallhaçãoville: Phil Morris (direita).

 

Hyperclan

Apesar de ter lá seus conflitos internos, os marcianos verdes tinham uma sociedade muito evoluída em ciências e artes (tanto que tinham até telepatia, entre outras habilidades). Mas uma praga dizimou a população e ameaçou o pouco restante, além da invasão de outro povo, que tentou impor seus próprios costumes aos oprimidos, coisas que nos fazem lembrar o continente africano. Digo, o povo a invadir e dominar os marcianos verdes foi o Hyperclan, ou Marcianos Brancos. Percebem? É a recontagem da história que na Terra resultou em escravidão e o condicionamento do continente africano à miséria, peste e um retrato no mundo exterior que estigmatizou todo um grupo étnico.

 

Conclusão

Então, amigos, é negro ou não é? Eu acho que tem muito mais a ver, assim como gosto de pensar no – tão menosprezado – Aquaman como um monarca nos moldes de He-man ou Thor, ou seja, um mundo bem mais interessante do que herói/vilão e a aventura da semana. Uma mitologia. Gosto de ficar analisando o que uma história em quadrinhos tem pra oferecer além dos traços e da óbvia missão de entreter. Nem todo mundo faz como Alan Moore e nos dá de presente histórias em que se refletir, em muitas outras eu gosto de analisar mesmo. É como música, a letra e a melodia podem ser bonitas, mas eu fico analisando os desenhos melódico e até as motivações do autor.

Arte é assim, permite um mundo de interpretações e a diversão toda é essa, a liberdade que nos oferece.

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