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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Malhação 20 anos: Bróduei e representatividade



Uma coisa me impressionou na primeira temporada de Malhação, aliás, várias. O formato, até então, novidade na TV brasileira, um núcleo jovem numeroso como se via apenas em algumas produções como Vamp e Top Model, mas numa abordagem voltada exclusivamente para o público daquela idade e não um núcleo de alívio cômico. Tinha a coisa de explicar gírias da moda com explicações entrecortando cenas e diálogos, estilo dicionário, tipo, o famoso Mocotó insinuava uma possível atitude homo de 'frutinha' para homens e 'sandalinha' para mulheres, ao que diante da dúvida de outro personagem, surgia no lugar da novelinha um texto com narração explicando o sentido daquelas palavras. Enfim, tinha muita coisa nova que nem a própria novelinha conseguiu manter com frescor, se viciando nas mesmas situações altamente fake, mas esse não é o ponto a se olhar aqui.

Fabiano dividia a cena com Bruno de Luca (Foto: CEDOC / TV Globo)

A questão é que eu lia muito suplementos de TV de um jornal de grande circulação e numa seção de cartas, fui alertado, ali, entre meus 12 e 13 anos, sobre uma questão que muitos não se atentam até hoje, 20 anos ou mais que isso: Não há negros na TV. Ou melhor, existe uma meia dúzia com nome de peso na grande mídia e a outra meia dúzia fica espalhada entre cozinhas e senzalas sem um contexto para seus personagens que não seja apanhar, ser ofendido, abrir portas e servir café. Então, logo lembrei do Bróduei Washington, citado numa das cartas da referida seção do jornal. A pessoa alertava que os únicos negros na novela toda eram a servente da cantina e seu filho.

Fabiano em Malhação e em registro atual (Foto: CEDOC / TV Globo e Arquivo Pessoal)

Isso me fez lembrar ainda outro agravante. Bróduei era um menino inteligente, vivia cantando rap e se divertindo com Fabinho (Bruno de Luca), no melhor estilo, filho do sinhô aprontando com o negrinho da casa grande (lembrando que o personagem de Luca era filho da dona da academia). Aí, aparece o irmão mais velho de Bróduei, Franklin Jefferson, fugitivo da polícia. Depois, apareceu outro negro, um nadador que tinha uma proposta de patrocínio polpuda negada por "não ter o perfil" da rede de sucos, que só não quis admitir, nitidamente, que era o fato de o promissor esportista ser negro (naquela época as tramas duravam apenas uma semana, mudando o foco na semana seguinte).



E foi isso. Parei de assistir Malhação ali e só voltei algumas vezes esporadicamente, enquanto me arrumava em frente á tv pra sair ou ir pra facul, nas vezes que o horário permitia. Ah, e teve o período que trabalhei na central de atendimento CAT, tendo a programação da Globo passando de ponta a ponta do expediente pra estarmos inteirados.

Dill Costa era Candelária, mãe do ator na ficção (Foto: CEDOC / TV Globo)
Dill Costa e Fabiano Miranda: Todo o elenco fixo de Malhação no início da novelinha. Pouca coisa mudou de lá pra cá.

Como curiosidade, quer saber por onde anda o Bróduei? Já vi umas reportagens desse tipo, mas a mais recente é essa qui no GShow.

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