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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Assédio não é uma inocente cantada


A cultura do assédio é tão naturalizada que muitos nem sabem diferenciar um flerte de um assédio.
É só se questionar se você está dando opção à pessoa de dizer não e seguir com a vida.
Se você tenta controlar a decisão de modo a parecer que a pessoa te deve obediência... Já passou do flerte no primeiro não. É assédio há tempos essa 'conversa.'

Homens têm muito isso programado pela sociedade, essa ideia de que o não quer dizer sim e que a mulher só diz não pra fazer o cara persistir até ela ceder. Olha, num flerte, há troca, a coisa é correspondida, as cantadas vêm dos dois lados. Se um cara acha que precisa puxar o braço da mulher, mexer em seu cabelo ao passar por ela numa balada ou ficar ‘sufocando’ a garota, então, esse cara é um assediador – e possivelmente um sociopata.

Vemos sempre notícias do tipo que um cara agride uma mulher porque ela disse não, aí, o cara se ‘justifica’ dizendo que ela que provocou (com roupas, gestos e supostos olhares) e não sabe que muito antes da agressão, ele já agia feito um opressor/agressor/predador. O corpo é dela e a cabeça é dela, parceiro. 

Se ela não quer, não rola. Imagine um machão desses sendo assediado por um outro homem, por exemplo. Rapidamente o machinho quer até brigar, porque acha um absurdo. São origens diferentes, mas é a mesma situação: Alguém querendo ser dono de você quando você quer continuar com sua vida sem esses malas incomodando.

A cultura do estupro, a cultura do machismo, do assédio, é tudo página diferente do mesmo livro social que condena a mulher a tudo e safa o homem de tudo desde de imemoriáveis tempos, porquestão de religiões que enaltecem homens como os grandes provedores da humanidade e as mulheres como as que ou traíram ou foram submissas.


Precisamos combater isso e precisamos também – muito – falar isso entre nós, homens. Questione-se se você se incomoda e porque esse assunto te incomodaria, pois, se você não vê necessidade de se achar soluções para lidar e punir o assédio, talvez seja parte do problema. Reflita!

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